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sábado, 2 de maio de 2015

Nossa Historia Parte 1

História
Essa é uma história sobre você, eu e seu cachorro. Houve uma época, não há muito tempo, antes dos cachorros. Eles não existiam. Agora há os grandes, os pequenos, os fofos, os guardiões, os caçadores. Todo tipo de cachorro que você possa querer. Como isso aconteceu? Não se trata apenas de cachorros. De onde todas as diferentes criaturas vivas vêm? A resposta é um poder transformador parecido com algo vindo de um conto de fadas ou um mito, mas não se trata disso. Vamos voltar  mil anos, uma época antes dos cachorros, em que nossos ancestrais viviam em um inverno sem fim da última Era do Gelo. Nossos ancestrais eram nômades que viviam em pequenos grupos. Dormiam sob as estrelas. O céu era seu livro de história, calendário e um manual de instruções de sobrevivência. Ele predizia os invernos mais severos, quando os grãos silvestres amadureceriam, e sobre a migração do rebanho de renas e bisões. A ideia de lar para eles era a própria Terra. Mas eles viviam temendo outras criaturas famintas, os leões da montanha e ursos que competiam pela mesma presa, os lobos, que ameaçavam levar e devorar os mais vulneráveis entre eles. Todos os lobos queriam o osso, mas a maioria deles tinha medo de se aproximar. Esse medo se devia a altos níveis de hormônios do estresse no sangue deles. É uma questão de sobrevivência. Aproximar-se muito de humanos poderia ser fatal. Mas alguns lobos, devido a variações naturais, possuíam níveis mais baixos desses hormônios. Isso os tornava menos temerosos a humanos. Esse lobo descobriu o que uma linha de seus antepassados descobriu há  mil anos. Uma excelente estratégia de sobrevivência a domesticação de humanos. Deixe que os humanos cacem, não os ameace, e deixarão que você coma o resto da comida. Você comerá mais regularmente, deixará mais descendentes e esses descendentes herdarão sua disposição. Essa seleção de domesticidade será reforçada a cada geração, até que aquela linha de lobos selvagens se torne... Cachorros. Talvez chamem de "sobrevivência dos mais amigáveis". Desde aquela época, esse foi um bom acordo para os humanos também. Os cães que comiam os restos não eram somente um esquadrão sanitário. Eram também a segurança. À medida que essa parceria entre espécies continuava, os cães também apresentaram mudanças. A beleza tornou-se uma vantagem seletiva. Quanto mais adorável, maiores são suas chances de viver e passar seus genes para outra geração. O que começou como uma aliança conveniente tornou-se uma amizade que aumentou ao longo do tempo. Para ver o que acontece em seguida, vamos deixar nossos antigos ancestrais de cerca de  mil anos atrás nos mostrar o passado recente durante um intervalo da Era do Gelo. Essa mudança climática deu início a uma revolução. Em vez de vagar, as pessoas estavam estabelecendo-se. Há algo novo no mundo aldeias. Ainda continuam caçando e coletando, mas agora produzem comidas e roupas, agricultura. Os lobos negociaram sua liberadade em troca de refeições constantes. Eles desistiram de escolher um companheiro. Agora, os humanos escolhem por eles. Eles matavam todos os cães que não podiam ser treinados, os que mordiam a mão de alimentadores. E reproduziam os que lhes agradavam. Alimentavam aqueles que cumpriam suas ordens... caçar, pastorear, proteger, transportar, fazendo companhia. De cada ninhada, os humanos selecionavam aqueles que mais os agradavam. Ao longo das gerações, os cães evoluíram. Esse tipo de evolução chama-se "seleção artificial" ou "criação." Transformando lobos em cães, foi a primeira vez que, nós humanos, tivemos a evolução em mãos. E fazemos isso desde então, para transformar plantas e animais dos quais dependemos. Num piscar de tempo cósmico, cerca de  ou  mil anos, transformamos lobos cinzentos em todo tipo de cães que amamos hoje em dia. Pense nisso. Todas as raça de cães que você já viu foram esculpidas pelo homem. Muitos dos nossos melhores amigos, as raças mais populares, foram criadas nos últimos séculos. O incrível poder da evolução transformou o lobo feroz no fiel pastor, que protege o rebanho e espanta os lobos. A seleção artificial transformou o lobo no pastor e as ervas selvagens em trigo e milho. Na verdade, quase todas as plantas e animais que comemos foi criada a partir de um ancestral menos comestível. Se a seleção artificial fez mudanças tão profundas em apenas  ou  mil anos, o que a seleção natural pôde fazer operando por mais de bilhões de anos? A resposta é toda a beleza e diversidade da vida. Como funciona? Nossa Nave da Imaginação pode nos levar a qualquer lugar no espaço e no tempo, até para os microcosmos ocultos, onde uma espécie de vida pode se transformar em outra. Venha comigo. Pode não parecer, mas vivemos na Era do Gelo pelos últimos  milhões de anos. Esse só parece ser um longo intervalo. Na maioria desses  milhões de anos, o clima era bem seco e frio. A calota de gelo norte polar, estendia-se muito mais ao sul do que atualmente. Em um desses longos períodos glacias, onde o gelo do mar estendia-se por todo Pólo Norte até onde hoje é Los Angeles. Grandes ursos vagavam pelas geleiras da Irlanda. Pode parecer uma ursa comum, mas algo extraordinário está acontecendo dentro dela. Algo que dará origem a novas espécies. Para vê-lo, teremos que descer para uma escala muito menor, para o nível celular, para que possamos explorar a reprodução dos ursos. Iremos pela artéria subclávia do coração. Quase lá. Esses são alguns dos óvulos dela. Para ver o que está acontecendo em um deles, teremos que chegar ainda mais perto. Teremos que nos reduzir ao nível molecular. Nossa Nave da Imaginação agora é tão pequena que se poderia colocar um milhão delas em um grão de areia. Está vendo esses caras se apoiando nessas colunas? São proteínas chamadas de cinesinas. Essas cinesinas fazem parte do complexo de transporte, as quais estão ocupadas movendo cargas pela célula. Parecem tão alienígenas. E mesmo assim, essas criaturas minúsculas, e outras como elas, fazem parte de toda célula viva, incluindo as que estão em você. Se a vida possui um santuário, ele está aqui no núcleo, que contém nosso DNA. A antiga escritura do nosso código genético. E é escrita em uma língua que todo tipo de vida pode ler. O DNA é uma molécula com forma de uma escada torcida, ou uma dupla hélice. Os degraus da escada são feitos de quatro diferentes moléculas ainda menores. Elas são as letras do alfabeto genético. Arranjos particulares dessas letras enunciam as instruções para todas as coisas vivas, dizendo a elas como crescerem, moverem-se, digerirem, sentirem o ambiente, curarem-se, reproduzirem-se. A dupla hélice do DNA é um máquina molecular com  bilhões de partes chamadas de "átomos". Há tantos átomos em uma única molécula de DNA quanto estrelas em uma galáxia comum. O mesmo vale para cachorros, para ursos, e para qualquer ser vivo. Nós somos, cada um, um pequeno universo. A mensagem do DNA transmitida de célula para célula e de geração para geração é copiada com extremo cuidado. O nascimento de uma nova molécula de DNA começa quando uma proteína desenovelada separa as duas margens da dupla hélice, quebrando os degraus em dois. Dentro do líquido do núcleo, as letras moleculares do código genético flutuam livres. Cada margem da hélice faz a cópia do parceiro perdido, resultando em duas moléculas de DNA idênticas. Assim a vida reproduz genes e os transmite de uma geração para a próxima.
Quando um célula viva se divide em duas, cada uma delas leva consigo um cópia completa de DNA. Uma proteína especializada revisa a cópia para garantir que somente as letras certas sejam aceitas, sendo o DNA detalhadamente copiado dessa maneira. Mas ninguém é perfeito. Ocasionalmente, um erro escapa à revisão, causando um pequena mudança aleatória nas instruções genéticas. Uma mutação ocorreu no óvulo da ursa. Um evento aleatório tão pequeno quanto esse pode trazer consequências em uma escala muito maior. Aquela mutação alterou o gene que controla a cor dos pelos. Isso afetará a produção do pigmento escuro do pelo dos descendentes da ursa. A maioria das mutação são inofensivas. Algumas, são letais. Mas algumas, ao acaso, podem dar ao organismo uma vantagem decisiva na competição. Um ano se passou. Nossa ursa agora é uma mãe. E como resultado daquela mutação, um dos dois filhotes nasceu com pelos brancos. Quando os filhotes ficarem grandes para se aventurarem por conta própria, qual tem mais chances de se aproximar sorrateiramente de uma presa distraída? O urso marrom pode ser visto na neve a quilômetros. O urso branco prospera e passa adiante seu conjunto peculiar de genes. Isso acontece repetidamente. Através de gerações subsequentes, o gene para pelagem branca se espalha para toda a população de ursos do Ártico. O gene para pelagem escura perde a competição pela sobrevivência. Mutações são aleatórias e acontecem o tempo todo. Mas o ambiente recompensa aquelas que aumentam a chance de sobrevivência. Isso naturalmente seleciona os seres vivos mais aptos à sobreviver. E essa seleção não é nada aleatória. As duas população de ursos separadas, e ao longo séculos, criam outras características que as distinguem. Elas se tornam espécies diferentes. Foi isso que Charles Darwin quis dizer com "A Origem das Espécies". Um só urso não evolui, a população de ursos evolui ao longo de gerações. Se o gelo do Ártico continuar a diminuir por causa do aquecimento global, os ursos polares podem ser extintos. Serão substituídos por ursos pardos, melhor adaptados ao novo ambiente descongelado. Essa é uma história diferente dos cães. Nenhum criador interferiu nessas mudanças. Ao invés, o próprio ambiente as selecionou. Essa é a evolução pela seleção natural, o conceito mais revolucionário na história da ciência. Darwin apresentou indícios dessa ideia em . O tumulto que ela causou nunca diminuiu. Por quê? Todos entendemos o pequeno desconforto na ideia de que temos um ancestral em comum com os macacos. Ninguém te envergonha melhor do que um parente. Os mais próximos, os chimpanzés, frequentemente se comportam inadequadamente em público. Há uma necessidade humana compreensível para nos distanciarmos deles. Há uma condição central de crença tradicional que nós fomos criados separados dos outros animais. É fácil entender porque a ideia prevaleceu. Faz-nos sentir especiais. E o nosso parentesco com as árvores? Como você se sente com isso? Isto é um segmento do DNA de um carvalho. Interprete-o como um código de barras. As instruções escritas no código da vida informam à árvore como metabolizar glicose. Vamos compará-la com a mesma seção do meu próprio DNA. O DNA não mente. Eu e esta árvore somos primos separados há tempos. E não são só árvores. Se você voltar no tempo o bastante, descobrirá que temos um ancestral em comum com a borboleta, o lobo cinzento, o cogumelo, o tubarão, a bactéria, o pardal. Que família! Outras partes do código de barras varia entre espécies. É isso que diferencia uma coruja do polvo. A não ser que você tenha um gêmeo idêntico, não existe alguém no universo com o mesmo DNA que o seu. Dentro de outras espécies as diferenças genéticas fornecem a matéria-prima para a seleção natural. O ambiente seleciona os genes que sobrevivem e se multiplicam. Quando se trata das instruções genéticas das mais básicas funções da vida, como digerir açúcares, nós e as outras espécies somos quase idênticos. É porque essas funções são tão básicas para a vida, que evoluíram antes das várias formas de vida ramificadas umas das outras. Esse é a nossa Árvore da Vida. A ciência nos possibilitou construir tal árvore genealógica para todas as formas de vida da Terra. Parentes genéticos próximos ocupam o mesmo galho da árvore, e os primos distantes estão bem longe. Cada ramo é uma espécie viva. O tronco da árvore representa os ancestrais em comum de toda a vida na Terra. A matéria da vida é tão maleável, que quando começou, o ambiente a modelou em impressionantes variedade de formas.  mil vezes maior do que podemos mostrar. Biólogos catalogaram meio milhão de diferentes espécies de besouros. Sem falar das inumeráveis variedades de bactéria. Há milhões de espécies vivas de animais e plantas. A maioria ainda não foi descoberta pela ciência. Pense nisso. Ainda temos que fazer contato com a maioria das formas de vida terrestre. Esse é o tanto de espécies de vida existentes nesse pequeno planeta. A Árvore da Vida estende seus galhos em todas as direções, encontrando e explorando o que funciona, criando novos ambientes e oportunidades para novas formas. A Árvore da Vida tem , bilhões de anos. Tempo suficiente para desenvolver um repertório impressionante de truques. A evolução pode disfarçar um animal como uma planta. Levando milhares de gerações para inventar um disfarce elaborado que engana predadores a procurarem comida em outro local. Ou pode disfarçar a planta como um animal, evoluindo para flores com forma de vespa, o modo da orquídea enganar a vespa para a polinização. Este é o poder incrível de mutação da seleção natural. Entre os densos e emaranhados galhos da Árvore da Vida, você está aqui. Um pequeno ramo entre outros milhões. A ciência revela que toda vida na Terra é única. Darwin descobriu o mecanismo de evolução. A ideia predominante era que a complexidade e variedade da vida deveria ser trabalho de um criador inteligente, que criou cada uma das milhões de espécies. Dizia-se que coisas vivas eram muito complexas para ser resultado de uma evolução descontrolada. Considere o olho humano, uma obra de arte da complexidade. Requer córnea, íris, cristalino, retina, nervos ópticos, músculos, sem contar a rede neural do cérebro para interpretar as imagens. É mais complicado do que qualquer dispositivo já desenvolvido pela inteligência humana. Então, dizia-se que o olho humano não pode ser resultado de uma revolução impensada. Para saber se é verdade, devemos viajar no tempo, a um mundo onde não existia olhos para enxergá-lo. No começo, a vida era cega. Era assim que nosso mundo parecia há  bilhões de anos, antes de existirem olhos para enxergar. Até que alguns séculos se passaram, e, um dia, aconteceu um pequeno erro na cópia do DNA de uma bactéria. Essa mutação aleatória deu àquele micróbio uma proteína que absorvia a luz. Quer saber como era o mundo para uma bactéria sensível à luz? Olhe o lado direito da tela. Mutações aleatórias continuaram a acontecer, como sempre acontecem em populações de seres vivos. Outra mutação fez com que a bactéria fugisse da luz. O que está acontecendo? Noite e dia. Bactérias que diferenciavam claro de escuro tiveram uma vantagem decisiva das que não o faziam. Por quê? O dia trazia luz ultravioleta intensa, que danifica o DNA. As bactérias sensíveis evitavam a luz para permutar seu DNA no escuro, em segurança. Elas sobreviveram em maior quantidade do que as bactérias que permaneciam na superfície. Com o tempo, as proteínas fotossensíveis começaram a se concentrar em um ponto no mais avançado organismo unicelular. Assim tornou-se possível encontrar a luz, uma vantagem esmagadora para organismos que procuram luz para produzir alimento. Essa é a visão de um platelminto. Este organismo multicelular desenvolveu uma cova em seu ponto. O buraco côncavo permitiu ao animal diferenciar luz da sombra, distinguir objetos nos arredores, incluindo os comestíveis e os que poderiam comê-lo. Uma enorme vantagem. Mais tarde, as coisas ficaram mais claras. A cova ficou mais profunda e tornou-se um pequeno orifício. Por milhares de gerações, a seleção natural lentamente esculpiu o olho. A abertura contraiu-se e tornou-se um pequeno orifício protegido por uma membrana transparente. Apenas pouca luz poderia passar pelo furo, mas suficiente para formar uma imagem escura na superfície interna sensível do olho. Isso melhorou o foco. Um orifício maior deixaria mais luz entrar formando imagens mais claras, mas sem foco. Esse desenvolvimento criou uma competição visual. A compretição necessária para a sobrevivência. Então um esplêndido aspecto do olho se desenvolveu, uma lente que fornecia tanto brilho quanto foco. Nos olhos do peixe primitivo, o gel transparente perto da pupila formou uma lente. Ao mesmo tempo, a pupila aumentou para deixar cada vez mais luz entrar. Os peixes poderiam ver agora em alta definição, tanto de perto quanto de longe. E então algo terrível aconteceu. Já notou que uma palha em um copo de água parece dobrada na superfície da água? Isso acontece porque a luz refrata quando vai de um meio para outro, nesse caso, da água para o ar.
Nossos olhos se desenvolveram para ver na água, originalmente. O fluido aquoso nos olhos eliminavam a distorção causada pela refração. Mas, para os animas terrestres, a luz traz imagens do ar seco para os olhos ainda aquosos. Isso refrata os raios de luz, causando distorções. Quando os anfíbios ancestrais deixaram a água pela terra, seus olhos, desenvolvidos exclusivamente para ver na água, eram ruins para enxergarem no ar. Nossa visão nunca mais foi tão boa desde então. Gostamos de pensar nos nossos olhos como obras de arte, mas,  milhões de anos depois, ainda não podemos ver coisas bem na frente de nossos narizes ou discernir detalhes finos na penumbra como os peixes. Quando deixamos a água, por que a natureza não começou de novo e nos criou um novo par de olhos que fossem otimizados para verem no ar? A natureza não funciona assim. A evolução remodela estruturas existentes ao longo de gerações, adaptando-as com pequenas mudanças. Ela não pode voltar ao caderno de desenho e começar do zero. Em cada estado de seu desenvolvimento, o olho funcionava de forma boa o suficiente para promover vantagem para a sobrevivência. Entre os animais vivos de hoje, encontramos olhos em todos estágios de desenvolvimento. Todos eles funcionais. A complexidade do olho humano não coloca obstáculos para a evolução pela seleção natural. Na verdade, olho e biologia não fazem sentido sem evolução. Alguns dizem que a evolução é só uma teoria, como se fosse uma mera opinião. A teoria da evolução, assim como a da gravidade, é um fato científico. A evolução realmente aconteceu. Aceitar nosso parentesco com toda forma de vida na Terra não é apenas um fato científico. Na minha opinião, é também uma experiência espiritual. A evolução é cega, não pode antecipar nem adaptar-se a eventos catastróficos. A Árvore da Vida tem alguns galhos quebrados. Muitos deles foram partidos nas cinco maiores catástrofes que a vida já conheceu. Em algum lugar, há um memorial para a multidão de espécies perdidas, o Salão da Extinção. Venha comigo. SALÃO DA EXTINÇÃO Bem-vindos ao Salão da Extinção. Um monumento aos galhos partidos da Árvore da Vida. Para cada uma das milhões de espécies vivas hoje, talvez haja centenas que pereceram. A maioria delas morreu na competição diária com outras formas de vida. Mas muitas foram varridas em grandes cataclismos que devastaram o planeta. Nos últimos  milhões de anos, isso aconteceu cinco vezes. Cinco extinções em massa que devastaram a Terra. A pior de todas aconteceu há  milhões de anos, no fim de um era conhecida como Permiano. Trilobitas eram animais com carcaça que caçavam em grandes grupos no fundo do mar. Estavam entre os primeiros animais a desenvolverem olhos que formavam imagens. Trilobitas viveram muito, cerca de  milhões de anos. A Terra já foi o planeta dos trilobitas. Mas agora todo se foram, extintos. O último deles foi varrido da existência junto com incontáveis outras espécies em um incomparável desastre ambiental. O apocalipse começou onde agora fica a Sibéria, com erupções vulcânicas numa escala nunca vista na experiência humana. A Terra era muito diferente, com apenas um supercontinente e um grande oceano. Implacáveis inundações de lava ardente invadiram uma área maior do que a Europa Ocidental. As erupções continuaram por centenas de milhares de anos As rochas fundidas incendiaram depósitos de carvão, poluindo a atmosfera com gás carbônico e outros gases de efeito estufa. Isto aqueceu a Terra e impediu correntes marítimas de circularem. Bactérias nocivas espalharam-se, mas quase tudo nos mares não resistiu. As águas inertes liberaram gás sulfídrico mortal no ar, sufocando a maioria dos animais terrestres. % das espécies do planeta foi extinta. Chamamos isso de... "A grande extinção". A vida na Terra chegou tão perto de desaparecer que levou mais de  milhões de anos para se recuperar. Mas novas formas de vida lentamente evoluíram para preencher o vazio deixado pelo holocausto Permiano. Entre os maiores vencedores estavam os dinossauros. Agora, a Terra era o planeta deles. Seu reinado continuou por mais de  milhões de anos. Até que também desabasse em outra extinção em massa. A vida na Terra passou por maus momentos ao longo das eras. E, ainda assim, persiste. A persistência da vida é surpreendente. Continuamos encontrando vida onde ninguém imaginava. Aquele corredor sem nome? Aquele fica para outro dia. Conheço um animal que pode viver em água fervente ou no gelo sólido. Pode resistir  anos sem uma gota d'água. Pode viajar despidos no gélido vácuo e sob intensa radiação, e ainda retornar ileso. Os tardígrados, ou ursos-d'água. Seu lar pode estar no topo das maiories montanhas e nas mais profundas valas do oceano. E em nossos jardins, onde vivem entre os musgos em quantidade incontável. Você não teve tê-los notado, pois são minúsculos. Do tamanho da ponta de um alfinete. Mas são resistentes. Os tardígrados sobreviveram às cinco grandes extinções. Estão presentes há meio bilhão de anos. Pensávamos que a vida era sensível, que só resistiria em lugares não tão quentes, não tão frios, não tão escuro, salgado, ácido ou radioativo. E o que quer que faça, não esqueça de adicionar água. Estávamos errados. Como o intrépido tardígrado demonstra, a vida pode suportar condições que seriam mortais aos humanos. Mas as diferenças entre nós e a vida encontrada em ambientes mais extremos do nosso planeta são apenas variações do mesmo tema, dialetos da mesma língua. O código genético da vida da Terra. Mas como seria a vida em outros planetas? Planetas com histórias, química e evolução completamente diferentes do nosso planeta? Quero levá-los a um mundo distante. Um mundo muito diferente do nosso, mas que pode abrigar vida. Se abrigar, promete ser diferente de tudo que já vimos antes. Nuvens e névoa cobrem totalmente a superfície de Titã, a grande lua de Saturno. Titã me lembra um pouco de casa. Como na Terra, sua atmosfera contém sobretudo nitrogênio Mas é quatro vezes mais densa. O ar de Titã não contém oxigênio, e é muito mais gelado do que qualquer lugar da Terra. Mas, ainda assim, quero visitá-lo. Temos que descer através de km de nevoeiro antes mesmo de vermos a superfície. Mas abaixo, há uma paisagem estranhamente familiar. Titã é o único lugar do Sistema Solar onde chove incessantemente. Tem rios e litorais. Titã tem centenas de lagos. Um deles, maior que o Lago Superior, na América do Norte. O vapor ascende dos lagos, condensa e cai novamente, em forma de chuva. A chuva alimenta os rios, que esculpem vales na paisagem, como na Terra. Mas com uma grande diferença em Titã, os mares e chuvas não são feitos de água, mas de metano e etano. Na Terra, essas moléculas formam o gás natural. Na gelada Titã, estão no estado líquido. Titã contém muita água, mas toda congelada, dura como rocha. Na verdade, a paisagem e montanhas são feitas principalmente de água congelada. A centenas de graus abaixo de zedro, Titã é muito gelada para conter água líquida. Astrobiólogos, desde Carl Sagan, perguntam-se se a vida pode estar nadando nos lagos de hidrocarboneto de Titã. A base química para tal vida teria que ser totalmente diferente de tudo que conhecemos. Toda a vida na Terra depende de água líquida, o que não existe na superfície de Titã. Mas podemos imaginar outros tipos de vida. Podem existir criaturas que inspiram hidrogênio em vez de oxigênio. E expiram metano em vez de gás carbônico. Podem utilizar acetileno ao invés de açúcar como fonte de energia. Como podemos descobrir se tais criaturas governam um império escondido abaixo das ondas escuras? Estamos mergulhando no Mare Kraken, nomeado segundo o monstro da mitologia nórdica. Mesmo se houver algum desse lá, provavelmente não poderíamos vê-lo. É tão escuro. Todo o óleo e o gás natural da Terra somariam apenas uma pequena fração das reservas de Titã. Vamos ligar as luzes. Estamos a  metros abaixo da superfície. Você viu algo? Ali, perto da abertura. Talvez tenha sido só minha imaginação. Acho que teremos que voltar se quisermos ter certeza. Quero contar-lhes uma última história. E é a maior história que a ciência já contou. É a história da vida na nossa mente. Bem vindos à Terra há  bilhões de anos. Esse era nosso planeta antes da vida. Ninguém sabe como a vida começou. A maior parte de evidências dessa época foi destruída por impactos e erosão. A ciência trabalha no limite entre conhecimento e ignorância. Não temos medo de admitir o que não sabemos. Não há vergonha nisso. A única vergonha seria fingir que sabemos tudo. Talvez alguém assistindo isso seja o primeiro a resolver o mistério de como a vida na Terra surgiu. A evidência dos micróbios vivos sugere que seus ancestrais preferiam altas temperaturas. A vida na Terra por ter surgido em água quente, perto de bocas de vulcões submersos. Na série "Cosmos" original, Carl Sagan segue a linha que se estende desde organismos unicelulares, de quase  bilhões de anos atrás, até você. Quatro bilhões de anos em  segundos. De criaturas que ainda distinguiriam o dia da noite até seres que estão explorando o cosmos. Estas são algumas coisas que as moléculas fazem depois de  bilhões de anos de evolução. "

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