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segunda-feira, 4 de maio de 2015

EXISTE UMA RAÇA SUPERIOR?

Será ?
 É uma ideia que gerou ódio, guerra e genocídio. É uma das perguntas mais polêmicas que podemos fazer. Raças distintas não têm apenas aparência diferente, elas são fundamentalmente diferentes? Uma raça futura de seres humanos avançados não iria nos ver como uma raça inferior? Haveria uma raça superior?   Espaço, tempo, a própria vida. Os segredos do cosmos através do buraco de minhoca.  EXISTE UMA RAÇA SUPERIOR?  Fale de diferenças raciais, e você inflamará paixões. Bósnios e sérvios. Japoneses e coreanos. Pretos e brancos. A crença de que a linhagem de um grupo é superior a do outro assolou a História por milhares de anos. Mas hoje estamos na era da tecnologia do DNA. Podemos identificar pequenas diferenças nestes filamentos químicos e talvez descobrir se eles geram africanos não só com aparência distinta dos indianos, mas também com raciocínio distinto. A ciência há muito é usada para tentar apoiar intolerância, mas ousar indagar como podemos ser diferentes é importante. Pois as respostas poderiam nos dizer para onde a espécie humana caminha. Cresci em um bairro de negros no Mississípi. Nunca me achei melhor ou pior do que ninguém. Mas, por toda cidade, havia sinais de que outros se achavam. NEGROS Martin Luther King Jr tinha o sonho da igualdade racial. E, nos últimos  anos, fizemos alguns avanços rumo ao mundo sem cor que ele imaginava. Mas os cientistas ainda tentam entender o que significa raça, se é que ela tem algum significado científico. A raça seria apenas aparente? Ou existe algo interno um ensino superior , invisível, que diferencia as raças? O biólogo evolutivo Andy Brower acha que podemos entender o que significa o termo "raça" analisando outra espécie, espécie que ele nasceu para estudar. Meus pais trabalharam com borboletas em seus doutorados nos anos . Fiquei fascinado por elas aos  anos. Eu tinha uma pequena coleção de borboletas. Sem dúvida, isso está no meu DNA. Andy estuda borboletas helicônias. Ele acompanhou o bater de suas asas por todo hemisfério ocidental. Além de ser encantado por suas marcas de asas elaboradas, ele sabe que sua beleza é apenas superficial. São borboletas venenosas, elas têm padrões de asas miméticos assim elas informam que têm gosto ruim a potenciais predadores, geralmente, pássaros. Quanto mais borboletas exibem um padrão comum de cor, mais fácil para os pássaros reconhecerem. Identificar que as vermelhas e amarelas têm gosto ruim e evitá-las. Mas as helicônias não têm a mesma aparência em toda a parte. Um grupo de uma região da América do Sul tem padrão de asas completamente distinto de outro que habita a outra margem do rio ou o outro lado de uma montanha. Esta caixa contém borboletas da mesma espécie. Na Guiana Francesa, uma listra vermelha na asa anterior e a asa posterior negra. Um pouco mais ao sul, temos raios vermelhos e áreas amarelas. Nestas duas filas do meio, as cores diferem. As diferenças no padrão das asas certamente são causadas por cores e padrões que se destacam mais facilmente para os pássaros locais. Mas essas diferenças na aparência... que poderiam ser chamadas de raças, aparentam ter a mesma biologia interna. Têm o mesmo odor, elas se reconhecem como parceiras prováveis. Assim produzem prole híbrida. A prole híbrida é perfeita. É viável e saudável. É fértil, assim pode pôr os próprios ovos. Estas borboletas têm a mesma expectativa de vida e o mesmo veneno adaptativo para afugentar predadores. As diferenças aparentam ser apenas superficiais. O mesmo ocorre com os seres humanos. A raça não cria óbices biológicos à reprodução, nossas expectativas de vida são semelhantes, independente de nossa origem étnica. Os seres humanos, como as helicônias, seriam todos iguais sob os diversos tons de pele? No ano , quando o presidente Clinton anunciou a conclusão do Projeto Genoma Humano, a resposta parecia ser "sim."  Em termos genéticos, os seres humanos,   independente da raça, são mais de ,99,9% idênticos.  Outra década de estudo genético reduziu esse número para cerca de ,99,5%. Não importa quem sejamos ou nossa origem, ínfimos ,0,5% do nosso código genético é exclusivo. Que tipo de diferenças raciais existiriam nesses ,0,5%? Talvez muitas. Os genomas humano e do chimpanzé diferem em apenas 3%. Essa diferença é o suficiente para gerar nosso cérebro maior e mais inteligente. John Hawks é paleontólogo da Universidade de Wisconsin-Madison. Ele estuda os ossos do homem antigo, identificando como mudamos desde que nosso caminho evolutivo se separou do chimpanzé há cerca de  milhões de anos. Ao analisarmos um breve trecho de nossa evolução, iniciamos como macacos, passamos a caminhar eretos, desenvolvemos ferramentas de pedra e cérebro maior. São eventos importantes que levaram milhões de anos. Mas a maior parte do meu trabalho nos últimos anos concentrou-se na parte recente de nossa evolução... o período que deixamos a África e evoluímos para quem somos hoje. Os cientistas hoje concordam que o desenvolvimento de raças distintas começou há cerca de  mil anos, quando o homem moderno saiu da África. À época, a pigmentação de pele escura persistia como uma força protetora contra raios ultravioletas. Conforme o homem se deslocava ao norte, a pele escura bloqueava muita luz solar e reduzia a produção natural de vitamina D nas camadas epiteliais mais profundas. As pessoas de pele mais clara se saíam melhor na Europa e China. Para quem migrou para a América do Sul e sul da Índia, a pele escura protegia do sol. Mas a pesquisa de John mostra que esses grupos étnicos agora isolados continuaram a evoluir nos milênios seguintes e assim as diferenças entre grupos raciais aprofundaram-se além de nossa pele. Ao estudar amostras arqueológicas de crânios escavados, com  mil anos a  mil anos de idade, podemos ver muitas das mudanças surgindo em tais amostras conforme avançamos no tempo. O tamanho do cérebro mudou. A dentição mudou. Alguns tipos de mudanças são peculiares a regiões distintas. Existem características cranianas que podemos indicar que hoje contrapõem asiáticos e europeus. John acha que as diferenças raciais vão além dos nossos ossos. Ele crê que quase todos os aspectos de nossa biologia mudaram conforme o homem migrou pelo mundo, até a forma de nosso cérebro funcionar. O que distingue uma raça da outra? Nos  mil anos desde que os pequenos grupos começaram a sair da África, desenvolvemos várias diferenças visíveis. Mas quais seriam as diferenças invisíveis? O quanto o nosso DNA diferiu? O paleontólogo John Hawks analisa mudanças em nossos genes nos últimos milênios. Ele descobriu algo perturbador. Nosso DNA adora jogar. Ao analisarmos o meio de alteração do DNA, parece que nossos genes são viciados em jogar. Temos quatro pares de bases possíveis... A, C, G e T. Aqui temos  cores de fichas. Assemelha-se a uma sequência de DNA, exceto que nosso DNA seria mais comprido. A evolução age sobre tais sequências. Conforme esta sequência genética se reproduz, um par de bases pode ser trocado e outro distinto colocado em seu lugar. Ao colocarmos o DNA de várias pessoas ao lado um do outro, esses indivíduos serão diferentes entre si em locais aleatórios. Quando ocorre uma mutação, pode ser um grande problema. Ou pode ser uma grande vantagem. Entre cada geração, o DNA produz cerca de  alterações aleatórias em sua sequência. Às vezes, ele acerta. Às vezes, ele erra. Na maioria das vezes, essas mutações não causam nada. Mas todas as mudanças que não nos matam são passadas para a próxima geração, persistindo como fósseis moleculares. Esses fósseis possibilitam a John um meio de calcular a idade de determinado gene. Quanto maior a sua existência, mais mutações aleatórias ocorreram ao seu redor. A parte funcionalmente importante segue a mesma, mas conforme nos distanciamos dela, é maior a probabilidade de permuta com outra sequência. É a extensão dessa parte não permutada que nos dá a noção de quanto tempo ela existe na população. Quanto maior o tempo de existência do gene, maior é a probabilidade de termos alterações aleatórias. Quando John e seus colegas usaram o método de datação de gene em populações oriundas da Europa, Ásia e África, tiveram uma grande surpresa. Muitos genes eram mais jovens do que eles esperavam. Descobrimos que muitos mostravam evidência de rápidas mudanças adaptativas. Estamos falando de cerca de  mil locais que, numa ou noutra parte do mundo, sofreram adaptação recente. Ficamos surpresos de o número ser tão grande. John esperava descobrir que apenas uma ínfima fração dos genes humanos apresentava sinais de mutação recente. Em vez disso, ele descobriu que cerca de 7% dos nossos genes sofreram mutações para novas formas nos últimos  a  mil anos. Alguns desses genes só são achados em certos grupos raciais. Tais mutações não estão ligadas apenas à cor da pele e à aparência física. As mudanças são mais profundas. Talvez os exemplos mais óbvios sejam os relacionados à certa doença nova à qual algumas pessoas desenvolveram resistência. Por exemplo, a malária é uma doença que existe há cerca de  mil anos como patógeno humano. Com o tempo, populações no sul da Ásia, África, desenvolveram novas adaptações a tal doença. Mas John suspeita haver outra força compelindo essas mudanças genéticas... nossa civilização. Uma ideia que o põe contra a maioria dos cientistas evolutivos incluindo o mestre de todos... Charles Darwin. Darwin falava de forças hostis da natureza, o sol que recai sobre nós, o frio do inverno, isso nos alteraria, pois teríamos de nos adaptar a tais ambientes. Na evolução humana, podemos inventar coisas. Podemos alterar nosso comportamento e cultura para nos abrigarmos, nos protegermos de tais coisas. A ideia de que o homem não precisar mudar a biologia para se adaptar a novos lugares. O argumento de Charles Darwin era que a agricultura, habitação e trajes evitariam que nossos genes mudassem e evoluíssem, pois estaríamos nos protegendo de tais habitats. Mas o estudo de John mostra que a diferença no modo de vida de grupos humanos próximos em partes distintas do mundo poderia ter causado mudanças genéticas. O melhor exemplo da influência da cultura em nossa evolução é o consumo do leite. Não é normal mamíferos adultos terem acesso ao leite. Imagine um touro tentando obter leite do úbere de uma vaca... ...isso não ocorre na natureza. Várias populações adotaram animais leiteiros distintos. Cinco delas desenvolveram novas mutações que lhes deram, quando adultos, a capacidade de digerir o açúcar no leite.
 No norte europeu, essa mutação é muito comum. Mas se formos a certos locais do mundo, como a China, é muito raro as pessoas consumirem leite. É a capacidade de ingerir leite, a "persistência de lactose", como é chamada, que vem a ser a versão mutante estranha. Isso ocorre nas populações pois elas mudaram sua cultura. Assim como o clima variava onde viviam os grupos étnicos, também variavam as regras e hábitos de suas sociedades. Seu DNA foi obrigado a adaptar-se. Se for um ser humano, é preciso sobreviver e lidar com outros todos os dias a fim de reproduzir-se. Isso torna a cultura nosso habitat. Adaptações genéticas podem ter alterado o funcionamento do nosso cérebro. John e seus colegas descobriram cerca de  mutações nos genes controladores da química cerebral ocorridas desde que a humanidade migrou da África. Uma delas, uma variação genética chamada DRD, pode ter causado essa migração. Ela está ligada ao TDAH, ao estudarmos pacientes com TDAH, eles tinham maior chance de apresentar tal gene. A razão provável é que ele torna as pessoas mais propensas a deslocarem-se. A mutação DRD geralmente é encontrada em populações que vivem fora da África. Ela surgiu há cerca de  mil anos. É chamada de "gene da migração", pois características como mudança rápida de foco e movimentos rápidos foram úteis quando nossos ancestrais migraram. Embora o déficit de atenção hoje seja menos útil em nossa sociedade moderna e sedentária. DRD é o melhor exemplo de um gene que foi recentemente selecionado e possui impacto comportamental. Ele afeta o cérebro de alguma forma. Mas existem outros. Não sabemos o que eles fazem, mas eles são expressados no cérebro, relacionados de algum meio ao nosso comportamento. Mas não sabemos para que tais mudanças servem. A ideia de que alterações genéticas no cérebro possam ter causado a disseminação da humanidade pelo mundo leva a uma pergunta incômoda. Algumas raças evoluíram para tornarem-se mais inteligentes que outras? É uma ideia altamente desagregadora, mas alguns cientistas pesquisam o assunto, e suas conclusões causaram revolta. Raça. Palavra que desperta fortes emoções. Alguns cientistas acham que as diferenças genéticas entre nós são tão pequenas que o termo "raça" não faz sentido. Mas entender como a evolução moldou as raças e continua a moldar tem grande importância científica. A característica que diferencia o ser humano das outras espécies é nosso cérebro complexo. Mas seria o cérebro de raças distintas diferente? Teriam elas inteligências diferentes? O renomado psicólogo Stanley Coren passou anos estudando as diferenças de inteligência, não entre raças distintas de pessoas, mas em raças distintas de cães. Os cães são uma maravilha da engenharia genética, apenas porque mantemos as raças separadas. Meus avós eram da Letônia, Lituânia, Rússia, mas se pegarmos um golden retriever, seu avô era um puro golden retriever, seu bisavô também e assim por diante. Há menos interferência no genoma. Durante pelo menos  mil anos, o homem moldou sistematicamente a evolução dos cães, adequando-os às nossas necessidades. Stanley avaliou a inteligência de mais de  raças. Assim obtemos cães que, devido à sua raça, diferem em termos de inteligência. Se pegarmos uma criança com menos de  meses e pusermos uma toalha sobre sua cabeça, ela vai achar que o mundo desapareceu. Se Montana tiver a capacidade mental superior a um humano de  meses, ele irá tirar a toalha de sua cabeça rapidamente. Está pronto, Montana? Vai. Os resultados de Stanley o convenceram que há grandes diferenças na inteligência canina de uma raça a outra. Para onde foi o mundo? Que cão inteligente. Eu possuo um beagle. Sua função é distrair meus netos. No que concerne à inteligência canina, os beagles apresentam nível inferior a . O banco no qual estou sentado é mais adestrável que um beagle. Os melhores cães em termos de inteligência são o border collie, seguido pelo poodle. Alguns dirão: "Poodle? Ele é frufru." Não, o poodle é um retriever. Ele não pediu a tosa de pelo boba. Se algumas raças de cães são mais inteligentes que outras, por que isso não valeria para os animais no outro extremo da guia? A socióloga Linda Gottfredson da Universidade de Delaware analisou testes de QI nos últimos  anos. Ela afirma que eles revelam um sutil mas mensurável elo entre inteligência, genética e raça. Para características complexas como a inteligência, muitos genes têm pequeno efeito, podem levar uma pessoa por um ou outro caminho. Eles são bem difíceis de encontrar. Os coeficientes individuais são tão diversos quanto os grãos de areia numa praia mas Linda crê que existem padrões nesta interferência, padrões que dependem de nossos genes. Como todo pai sabe, os filhos têm aparência distinta. Têm personalidade e níveis de inteligência diferentes. A diferença média entre irmãos é de  pontos de QI. Se compararmos pessoas aleatórias andando na praia, indagando as diferenças entre elas... em média, desconhecidos diferem por  pontos de QI. Ao observarmos irmãos biológicos, em média eles diferem 75% comparados a desconhecidos aleatórios nas ruas. Os genes de desconhecidos variam mais que os de irmãos, e Linda sustenta que por isso seu QI varia mais. Sua interpretação desses dados levou-a à ideia polêmica de que as diferenças genéticas entre as raças podem levar a diferenças na inteligência de tais raças. Creio que haveria duas regras sobre a diversidade humana. Uma de que há muita variação dentro de todos os grupos, mas também há uma gradação entre grupos assim existem diferenças médias recorrentes e, às vezes, grandes entre grupos raciais étnicos.
 A pontuação do QI em qualquer grupo de pessoas dissemina-se por uma curva sinusoidal, variando de  a . Existem discrepâncias em ambas extremidades, mas a maioria fica em torno da média. Existem diferenças entre grupos raciais étnicos na média do QI. A média de QI entre os brancos situa-se arbitrariamente em . Os negros nos EUA e em muitos países ocidentais marcam em média . Os hispânicos atingem em média cerca de . Os ameríndios situam-se em torno desse nível. Os japoneses e os sino-americanos situam-se acima da média dos brancos. Os judeus asquenazes ficam em torno de , . O estudo de Linda a tornou uma pária da ciência. Foi chamada de racista, algo que ela nega. Seus críticos afirmam que os resultados dos testes de QI são muito influenciados por fatores socioeconômicos. A nutrição infantil e acesso à saúde podem variar muito entre diferentes grupos raciais. Se você viver num bairro bom com escolas com bons recursos, terá maior propensão de estar habituado ao ambiente acadêmico de um teste de QI. Se você morar em tais bairros, terá maior propensão de ser asiático ou branco. Também há preocupação se as perguntas do teste têm um viés cultural, um viés que reflete o fato de que a média do QI dos brancos é . Uma raça é mais inteligente do que outra? Depende do que quer dizer com "inteligência". Os testes de QI poderiam prever a grandiosidade de um artista como Picasso ou de um líder político como Gandhi? O QI é uma obsessão tacanha. Duas pessoas não pensam da mesma forma, independentemente da raça. Assim, tem-se uma nova questão. Se hoje o cérebro das raças é semelhante, será sempre assim? Ainda estamos evoluindo. Um dia nosso cérebro poderia ficar tão diferente quanto o dos border collies e beagles? A evolução deu ao ser humano um recurso incrível... a incrível rede de neurônios em ação dentro de nossa cabeça. O desenvolvimento destes , kg de tecido mole catapultou a inteligência humana a um nível bem superior ao das outras espécies. Ele poderia se desenvolver ainda mais? Acabaremos evoluindo para uma raça superior de seres humanos super-inteligentes? O prof. de neurociência Simon Laughlin, da Universidade de Cambridge, estuda o poder do cérebro. Ele testa os limites do que o cérebro e neurônios podem fazer, observando o quanto eles consomem. Estou interessado nos limites físicos do desempenho do cérebro e no que determina o poder de processamento do cérebro. Simon desenvolveu um meio exclusivo de ver a quantia de informação processada pelo cérebro enquanto acompanha simultaneamente a quantia de energia utilizada. Sua janela para o cérebro humano é através os olhos bulbosos das moscas. Elas constituem um sistema mais simples, é como ver uma calculadora de bolso antes de se esforçar para entender um computador. Os princípios do cérebro da mosca são semelhantes aos nossos, mas é mais fácil trabalhar com elas, temos um conhecimento mais completo do que elas fazem. A capacidade de Simon em avaliar o desempenho do cérebro da mosca deve-se à característica mais irritante desse inseto. Quem já tentou matar uma mosca sabe que elas são boas em detectar movimento. Para isso, elas precisam reagir a rápidas alterações na luz. Detectar a luz é basicamente o que faz o cérebro da mosca. O laboratório de Simon contém duas espécies, a varejeira, com olhos grandes e protuberantes, e a diminuta mosca da fruta, de olhos bem menores. Ele e sua equipe inserem microeletrodos nos neurônios das moscas, depois as submetem a uma uz oscilante para registrar seu poder de processamento. A célula reage à luz alterando seu potencial de membrana. Assim podemos processar tais sinais para definir quanta informação eles contêm. Simon descobriu que embora a mosca da fruta possa captar algumas alterações da luz, a varejeira detecta a mais diminuta oscilação. Os olhos bulbosos da varejeira liberam grande quantia de dados neurais, o suficiente para ocupar um pendrive de  GB a cada minuto. Mas a varejeira tem uma desvantagem. A varejeira capta  vezes mais bits por segundo que a da fruta, mas por ter maior desempenho, esses bits de informação, cada um deles requer cerca de  vezes mais energia. A informação é muito custosa para a mosca. Como um carro esportivo com alta velocidade. Ele tem alto desempenho. Mas também alto consumo de combustível. Usa muita energia. Estamos passeando por Cambridge, ainda não estamos usando todo o desempenho. Este carro tem desempenho pior que o esportivo, mas é mais econômico. Usa menos energia para a mesma distância. Paga-se caro pelo desempenho, assim como os neurônios. A potência do cérebro humano é menos eficiente energeticamente que o da varejeira.
 Por isso Simon tem quase certeza que o cérebro humano atingiu seu limite. Se a varejeira é um carro esportivo, então o cérebro humano, com seu maior desempenho, seria um foguete espacial. Grandes quantias de energia usadas para processar informação. O cérebro humano representa só 2% de nossa massa corporal, mas consome 20% de oxigênio quando estamos em repouso. Quanto mais inteligente, maior o custo de energia. Se quiséssemos ter um cérebro 10% mais eficiente, ele teria de ser 20% maior. Assim a demanda sobre o corpo aumentaria. Se o cérebro humano fosse maior, seria mais difícil o nascimento de bebês. Se ele fosse bem maior, quando o bebê nascesse, o cérebro teria de ser menos desenvolvido que hoje. A infância duraria mais tempo. Nosso cérebro evoluiu para atingir certo equilíbrio entre o custo do processamento de informação, que é muito alto, e a quantia de informação que temos de processar. Mas ainda pode haver um meio de ficarmos mais inteligentes. Se pusermos mãos à obra, poderemos criar uma raça humana superior. Mas apenas alguns de nós farão parte dela. Toda a humanidade moderna tem origem em um pequeno grupo que viveu na África Oriental há cerca de  mil anos. À época, todos éramos bastante semelhantes. Ao longo dos milênios, nós nos adaptamos aos climas locais e nos tornamos a diversidade que somos hoje. Mas a evolução não parou. Para onde seguiremos? Uma raça futura de seres humanos superiores... teria esta aparência? Peter Ward é paleontólogo da Univ. de Washington, em Seattle. Ele encontra a evolução por toda a parte, mesmo em um mercado de peixes. Temos duas iguarias de peixe no noroeste. Temos o grande halibute e o belo salmão. Se olharmos o registro fóssil, estes são bem mais primitivos. Estes antecederam. Bem mais peixes têm esta aparência fusoide, do que esta coisa feia, comprimida e achatada É como pegar um salmão, retorcê-lo, deslocar um olho, vivendo assim com esta forma retorcida. Este aqui vive no fundo, uma excelente adaptação para o habitat. A partir do salmão, a evolução criou o halibute. Peter se indaga o que ela faria com o homem. É tentador acreditar que a natureza tem o plano de nos evoluir para seres mais aptos, inteligentes e atraentes. Mas a natureza não funciona assim. Nossas melhores e piores características são escolhidas aleatoriamente. Albert Einstein disse: "Deus não joga dados com o universo." Ele deve ter falado da física, pois quanto à evolução, muitos dados são jogados. Eis meu dado evolutivo. Temos A, T, G e C, o código genético. Quando combinados, eles impõem ao organismo certa característica. A maior parte dessa combinação ocorre de forma aleatória. Se eu jogar este dado evolutivo, ficarei vinculado a este gene específico, e ele pode me levar por um desses  caminhos. Três deles podem me matar de imediato. Um pode ser rumo a um organismo superior. Se Peter quiser cruzar a cidade rumo a um restaurante chique usando as regras de navegação do DNA, ele terá de depender do jogo aleatório de um dado. Uma jogada pode aproximá-lo do destino. Outra pode levá-lo ao ponto de partida. Não há como afirmar se ele conseguirá. A evolução é um processo aleatório que geralmente leva a becos genéticos sem saída. Mas e se Peter pudesse escapar da aleatoriedade da seleção natural? Até nos tornarmos uma espécie técnica, éramos como qualquer outra espécie, à mercê da aleatoriedade e das agruras da evolução. O próximo estágio da evolução humana será os seres humanos alterando o próprio genoma. Não só poderemos alterar seres viventes, mas poderemos alterar seu DNA para que eles e suas alterações sejam transmitidos à próxima geração. Com esse tipo de evolução direcionada, Peter não depende cegamente do acaso para chegar aonde quer. Ao Waterfront Seafood Grill. A tecnologia genética pode nos levar direto de um ponto a outro, contanto que paguemos o preço. Peter crê que quando o homem atingir a seleção artificial, iremos nos dissociar em duas raças distintas, os que ficarão jogando os dados evolutivos e os que poderão pagar para projetar seu próprio genoma. Certo. Muito obrigado. Halibute. Obrigado. Consigo visualizar o momento em que conseguiremos projetar em nós mesmos diferenças tão distintas daquelas encontradas na natureza. O homem comum e o geneticamente projetado. Haverá uma divergência. Se descendentes cruzarem com outros com essas melhorias, isso terá continuidade. Veremos uma cissão social. A especiação ocorre quando o patrimônio genético diverge, quando as populações divergem. É uma visão obscura do futuro. Uma comunidade global isolada de seres humanos aperfeiçoados e de vida longa consumindo todos os recursos... E uma espécie totalmente distinta que mal consegue sobreviver. Mas outra opção tecnológica está nos levando em um rumo diferente. O próximo avanço rumo à criação de uma raça superior pode advir da eliminação de nossas diferenças e com trabalho conjunto. A Terra já está superpovoada. Ao final do século, a população humana chegará aos  bilhões. Ficaremos amontoados como abelhas numa colmeia. Essa perspectiva inspirou alguns cientistas a visualizar uma nova evolução da humanidade. Assim como colônias de insetos dividem as tarefas, talvez possamos aprender a usar a força de diversos cérebros e criar uma imensa consciência superior coletiva global. "Sandy" Pentland é chefe do Lab. de Dinâmica Humana do MIT. Ele é o pioneiro de uma nova área de pesquisa, a ciência social computacional. Sandy acredita que a humanidade está prestes a se tornar uma espécie superior mais inteligente, não porque iremos evoluir individualmente, mas pela transformação da forma de trabalharmos em conjunto. As organizações humanas parecem com uma máquina de informação. As engrenagens precisam se encaixar e estarem sintonizadas para trabalharem em conjunto e não em oposição. Essa busca por sintonia é algo muito antigo em nossa espécie, vemos isso na dança e também na música, como aqui, no coral do MIT, quando entra o baixo...  Nós...  E depois vem o barítono.  - somos... - nós...  E o tenor.  Nós somos...  Então eles entram em conjunto. Música assim é exemplo de algo que vai além do indivíduo. O homem é naturalmente um ser social. Desenvolvemos linguagem e cultura para trocar conhecimento e dividir experiências. Sandy acredita que estamos prestes a potencializar o nível em que compartilhamos conhecimento, graças a avanço quântico na tecnologia da comunicação. Uma das maiores mudanças ocorridas na última década e algo não muito valorizado é o fato de portarmos celulares que ficam cada vez mais funcionais. O trânsito, por exemplo. Podemos consultar no celular ou no painel do carro e ver as condições do trânsito, com atualizações em tempo real. Tecnologia que nos leva a compartilhar fotos e histórias como nunca, agilizando ainda mais as coisas. Tudo isso impulsionado pelos celulares que portamos. Assim conseguimos criar um tipo de inteligência unificada. Aparelhos portáteis inteligentes fazem com que trabalhemos e pensemos em conjunto como nunca. Eles estão unindo a humanidade em uma única consciência interconectada que envolve o mundo, capaz de atos que um cérebro isolado não pode alcançar. Em , a Agência de Projetos de Pesquisa Avançada de Defesa propôs um desafio destinado à consciência coletiva. Ela espalhou  balões vermelhos, cada um contendo um certificado especial, em locais secretos pelos EUA. Ela ofereceu um prêmio de US$ . à equipe que descobrisse mais rápido as coordenadas GPS de todos os  balões. Milhares de equipe aceitaram o desafio. O plano de Sandy era envolver um grupo pessoas portadoras de celular, conectadas por mídia social. Nós tiramos vantagem da mídia social de forma bastante criativa. Não daria apenas um prêmio por achar um balão. Mas um prêmio por recrutar pessoas, uma das quais poderia achar o balão. Se ela encontrasse o balão, também encontraríamos. Isso cria um efeito cascata. Milhares de pessoas recrutando amigos para procurar o balão por ser do seu interesse. O método de Sandy funcionou muito bem. Sua equipe do MIT obteve fotos dos  balões, descobertos em lugares como a Union Square em São Francisco e uma quadra de tênis na Virgínia, em apenas  horas. Eles conseguiram achar os balões mais rápido do que o resto do mundo. Com uma rapidez considerada impossível. Em espécies sociais, há um desejo de ser social. Pergunto: "O que é mais satisfatório na vida?" A resposta é "construir coisas com outras pessoas". Nós desenvolvemos tecnologia para nos ajudar a fazer isso. Imagine um mar de gente com consciência instantânea de eventos que ocorrem a milhares de quilômetros. Poderíamos rastrear a origem de uma epidemia viral a um prédio de apartamentos em questão de horas, apenas analisando quem fica em casa com o celular ligado. Poderíamos resolver os antigos problemas de fome e pobreza acompanhando a oferta e procura por alimento minuto a minuto. Veremos um futuro no qual conciliaremos nossa experiência para melhorar as nossas experiências individuais. Então, qual será o futuro da raça? A genética afirma que existem diferenças sutis entre nós. Internas e externas. Tais diferenças surgiram quando vagamos pelo planeta em tribos distintas, por mais de  mil anos. Mas hoje, algo novo está acontecendo na história humana. Não temos mais espaço para o separatismo. A tecnologia aliada ao nosso instinto em trabalhar em conjunto está prestes a nos levar a dar um grande passo. Ela não irá criar uma raça superior, mas uma espécie superior, à qual todos pertenceremos.

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